sábado, 11 de maio de 2002

Uma (des)agradável companhia no Índico - Maldivas

Numa visita ao arquipélago das Maldivas não podíamos deixar de aproveitar a oportunidade para explorar as águas transparentes e quentes do Oceano Índico e, por isso, resolvemos fazer uma semana completa com mergulhos diários por entre centenas de peixes coloridos, como se andássemos, literalmente, à procura de Nemo. 

Depois de um hidroavião nos ter deixado numa das ilhas paradisíacas do arquipélago, deixámo-nos por lá ficar, nos habituais bungalows, que se escondem entre os coqueiros e o areal, aproveitando o namoro de uma lua-de-mel, nestas praias de águas quentes e transparentes e areias brancas de coral. 

A praia é a essência destas ilhas. Até posso admitir que nem todos os visitantes sejam fãs de mergulho, que é algo muito específico e que obriga a alguma destreza e até coragem, mas uma pessoa que não goste de praia, tem de fazer um favor a si própria, e nunca ir às Maldivas. Digo isto, que parece quase uma evidência de La Palice, mas porque tenho ouvido relatos de pessoas que escolhem este destino, sobretudo em lua-de-mel, mas que depois referem que não gostam muito de praia . . . que a areia atrapalha e que o sol e a água são um tremendo incómodo. E há quem diga que nem saiu da piscina . . . meu Deus, que sacrilégio!!! Como é possível alguém preferir uma piscina em vez do mar azul-turquesa, com águas a 28ºC, e uma areia finíssima de um branco que até encandeia. Que praias magníficas estas . . . queria poder viver aqui uma eternidade. 

Mas nós somos ambos fãs incondicionais de tudo aquilo que estas ilhas têm para oferecer e, por isso, viemos para o sítio certo e na altura certa. Adoramos estar na praia, na areia ou no mar, e ali estava aquela praia encantadora com águas mornas e cristalinas. Somos fãs de mergulho e, bem à nossa frente, tínhamos o fundo do mar mais belo e mais rico que alguma vez tínhamos visto. E é claro que adoramos namorar, e o namoro sob aquele sol e aquela lua que, para nós, era uma lua de mel, foi ainda mais encantador, por todo o ambiente de sonho que nos rodeava. 

Muito para além das suas praias magníficas, o arquipélago das Maldivas é sobretudo conhecido como um dos destinos mais desejados entre a comunidade de mergulho. Com recifes coloridos, peixes pequenos de todas as formas e todas as cores, e peixes grandes, dos mais assustadores aos mais pacíficos, e tudo está ali bem perto e ao nosso alcance. Basta entrarmos naquele admirável mundo e durante os minutos (perto de uma hora) em que o oxigénio nos vai deixando respirar, sentimo-nos como se pertencêssemos àquele universo deslumbrante das profundezas do Índico. 

Fizemos vários mergulhos, uns mais madrugadores e outros aos finais de tarde, mas o primeiro contacto que tivemos com este mar maravilhoso foi a explorar o próprio recife da ilha do nosso hotel, fazendo apenas snorkeling, isto é, nadando com máscara, respirador e barbatanas. 

Tínhamos chegado nessa mesma manhã e apanhámos a embarcação nos iria deixar sobre o recife para 40 minutos de surpresas. No último momento, antes de deixarmos o barco, e convém dizer que éramos apenas nós dois e o rapazinho que manobrava o barco e que por lá ficou à nossa espera, e que nos fez uma breve explicação: Comecem por aqui, sobre o recife, que encontram corais de todas as cores, muitos peixes coloridos e moreias. Vão depois chegando até ao limite do recife onde o mar passa a ser mais fundo, e aí começam a aparecer alguns peixes maiores . . . sobretudo tartarugas e alguns tubarões!!! E esse final da frase ficou a ecoar na minha cabeça e já não consegui ouvir mais nada. 

Mas como não somos de fugir, lá fomos, mar adentro. Começámos por explorar o recife e fomos avançando à medida que encontrávamos alguns cardumes, ainda muito à superfície, daqueles bem bonitos e coloridos. E por fim a profecia cumpriu-se, já próximo do limite da barreira de coral, onde se formam falésias de 30 ou mais metros de profundidade, as espécies maiores sobem até ao recife e ali estavam eles. 

Primeiro uma tartaruga, que é uma fofura, face a outras expetativas mais gravosas. E enquanto perseguíamos a dita tartaruga, num instante em que o sol deve ter ficado encoberto por alguma nuvem escura, só para tornar o cenário ainda mais medonho - ou foi só impressão minha - tivemos a (des)agradável companhia do anunciado tubarão. 
Era um Blacktip Reef Shark, uma das espécies de tubarões que por ali circulam e que se identificam pela ponta preta da barbatana. Segundo dizem, é dos mais inofensivos, embora este me parecesse bem encorpado e com cara de mau . . . há uma questão que é pertinente, num mar tão cheio de alimento, para que é que se iriam meter com um ser humano, tão grande e desajeitado? Mas essa é uma pergunta a que só cada tubarão poderá responder em cada situação, e eu prefiro não esperar pela resposta. 

E foi assim, mal chegámos àquela praia e já tínhamos apanhado um tremendo susto e estávamos já com a adrenalina a mil. E como nestas situações raramente queremos fugir da experiência e da excitação, muito pelo contrário, voltámos a repetir outras incursões no mundo azul que se esconde sob o arquipélago, enfrentando de novo a exaltação do desconhecido, com novas surpresas e muitos outros tubarões. 

Carlos Prestes 
Maio de 2002

Voltar à página inicial


sexta-feira, 10 de maio de 2002

Voando sobre um país de mil ilhas - Maldivas

Que melhores férias se podem fazer do que a nossa própria lua-de-mel, uma viagem de sonho que queremos compartilhar com quem escolhemos para dividir toda a nossa vida. E que melhor ambiente para esse momento do que um lugar tão sedutor como este . . . o arquipélago das Maldivas. 

Foi assim que nos pusemos ao caminho, num voo de quase 10 mil km até à cidade de Malé. Íamos passar pouco mais de uma semana, aproveitando as praias de areia branca que formam o território das Maldivas, com as águas transparentes e quentes do Índico, pintadas de um azul-turquesa quase ofuscante.

Mas queríamos também aproveitar para fazer uma semana completa com mergulhos diários, que dariam uma dimensão muito especial a esta viagem, pois não é com frequência que encontramos um fundo do mar tão extraordinário como este. 

A República das Maldivas é um pequeno país insular localizado em pleno Oceano Índico, a Sudoeste do Sri Lanka e da Índia. É constituído por 26 atóis onde emergem quase 1200 ilhas, das quais apenas cerca de 200 são habitadas, mas, mesmo essas, a maior parte não tem qualquer povoação local residente. Funcionam apenas como ilhas-hotel, totalmente ocupadas e geridas como resorts, e muitos deles são bastante luxuosos e aproveitam convenientemente estas águas fantásticas, criando bungalows de alto luxo, sobre estacas de madeira, que avançam pelo mar adentro. 

A ilha do nosso hotel ficava a 100 km de Malé e, por isso, fizemos toda a viagem em hidroavião, percorrendo essa distância a baixa altitude . . . e foi um enorme o privilégio, ter podido sobrevoar aqueles locais extraordinários, com paisagens que quase nos pareciam irreais.
O voo durou cerca de uma hora, apenas com algumas amaragens para deixar passageiros, até chegarmos ao nosso hotel . . . a nossa ilha, a escolhida de entre todo um país de mil ilhas, aquela que seria o nosso porto de abrigo e o palco do nosso encantamento.

Carlos Prestes