Depois de uma longa caminhada em torno do Central Park, chegámos ao Metropolitan Museum of Art, conhecido informalmente como “The MET”, um dos museus de arte mais visitados, não só na cidade de Nova Iorque, mas em todo o mundo... e a minha primeira impressão foi que tudo aquilo me parecia demasiado grandioso... diria mesmo, assustadoramente grandioso. E, quase por instinto, resolvemos dispensar toda aquela parafernália de arte clássica e seguimos diretamente para a ala dos impressionistas, ocupada por uma coleção riquíssima daquele movimento criado em França no século XIX.
Sempre fui fã incondicional dos impressionistas e tenho visto algumas das obras de referência em várias cidades europeias, nomeadamente em França, onde estão as galerias com a maior quantidade de peças deste movimento. Mas a coleção dos impressionistas do MET pareceu-me ser das mais completas, contendo, inquestionavelmente, algumas das pérolas dos principais artistas.
E o que fizemos foi percorrer as salas e corredores, sem destino definido, demorando-nos mais ou menos em função das obras que íamos encontrando e da forma como cada uma delas nos ia tocando. E foram assim passando os grandes clássicos... Edgar Degas, Claude Monet ou Renoir, um dos meus favoritos.
Até que chegámos a Van Gogh, com todo um espaço dedicado ao pintor holandês, não faltando um dos seus habituais auto-retratos. Vincent Van Gogh tem a maior parte da sua obra exposta no museu com o seu nome em Amesterdão, mas foi aqui que, pela primeira vez, um quadro do pintor holandês me haveria de emocionar.
Muito para além de todas as obras que tinha vindo a encontrar, fui surpreendido, quase esmagado, pelo magnífico quadro a óleo “Campo de Trigo com Ciprestes” de Vincent Van Gogh.
Conhecia perfeitamente aquela imagem, aliás é uma das mais populares do autor, mas não estava à espera que aquele pequeno quadro, com apenas 73 cm x 93 cm, me pudesse tocar daquela forma.
Fiquei sentado no meio do salão, imóvel e em silêncio, observando aquelas cores, aquele emaranhado de pinceladas espessas que quase me arrepiaram, aquela luz, que parecia irradiar das camadas subjacentes de tinta, já com 120 anos de idade.
Aquele quadro tinha um efeito quase físico, um magnetismo que me impressionou de uma forma brutal... e eu não estava preparado para toda aquela beleza.
Carlos Prestes
Junho de 2009
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