sábado, 24 de novembro de 2007

No castelo dos sonhos - Castelo de Neuschwanstein na Baviera

O Castelo de Neuschwanstein é o mais bonito e mais importante dos três castelos do rei Ludwig II da Baviera, construído sob a inspiração da obra do seu amigo e protegido, o compositor Richard Wagner. O rei Ludwig II, ou Luis II, na tradução portuguesa, que governou a Baviera no final do século XIX, era um romântico e um sonhador, e mandou construir, durante o seu reinado, vários castelos e palácios extravagantes, gastando o dinheiro do reino de uma forma obstinada e quase insana, o que fez com que o apelidassem popularmente como "Rei Louco". Mas foi o seu próprio governo, aproveitando esse mito popular e receando as dívidas, que não paravam de aumentar, que lhe diagnosticou uma doença mental, declarando-o oficialmente como louco, tendo sido deposto e preso, exatamente um dia antes de sua morte. 

Mas graças à loucura, ou extravagância, deste governante, o reino da Baviera terá ficado um pouco mais pobre mas, como herança, foram deixados três castelos dos mais fantásticos que podem ser encontrados em toda a Alemanha.

A visita começa no pequeno vilarejo de Hohenschwangau, localizado no sopé da montanha, onde tomamos a decisão de fazer a subida até ao castelo, escolhendo um Shuttle Bus local, uma requintada charrete ou, simplesmente, optando por caminhar até ao topo pela estrada ou mesmo seguindo por um trilho alternativo.

E era inevitável que essa fosse a nossa escolha, seguindo a pé pelo trilho e aproveitando cada momento que a montanha nos haveria de oferecer. A subida chegava a ser quase uma escalada ao longo de um carreiro sombrio que ia perfurando uma densa floresta. Mas aqui ou ali, iam-se abrindo pequenas clareiras com paisagens que eram quase sempre esplendorosas, com as colinas que contornam a grande montanha e o enorme espelho de água do lago principal, em torno do qual se erguem outros palácios e casas senhoriais imponentes,

O percurso é quase sempre inspirador mas o momento chave e aquele que mais nos deslumbrou em toda a caminhada, foi o instante em que contornámos a colina, alcançando a pequena ponte de Marienbrücke, que liga as encostas escarpadas do desfiladeiro, e se abriu, ali bem à nossa frente, a imagem de um vale inacreditável, dominado pela imponência e pela beleza do castelo . . . e de repente, foi como se um cenário encantado nos tivesse engolido, e nos fizesse entrar num mundo de fantasia, de príncipes e princesas. Não foi por acaso que Walt Disney escolheu este castelo como inspiração e modelo para criar o palácio que recebeu o grande baile, na noite de magia, que viria a transformar a Gata Borralheira na princesa Cinderela.

Estávamos ainda trémulos do cansaço da subida, mas sobretudo do impacto daquela imagem que nos surgiu de repente e sem aviso. Parámos sobre a ponte e tentámos descortinar cada detalhe daquele postal ilustrado onde tínhamos acabado de entrar. Inspirámos o ar fresco a plenos pulmões e deixámo-nos ficar o tempo suficiente para que as emoções sossegassem.
O interior do castelo é magnifico, com divisões luxuosamente mobiladas e com tetos e paredes debruados a ouro e outras preciosidades. E é também um exemplo de modernidade, tendo sido equipado com a mais alta tecnologia disponível à época, como uma rede de água corrente, quente e fria, que abastecia as casas de banho, e um sistema de aquecimento, altamente revolucionário, e bastante conveniente durante os Invernos e os constantes nevões. 

Mas por muita beleza que o interior do castelo pudesse oferecer, nada se podia comparar à sensação de termos sido envolvidos por aquela paisagem encantadora, que nos fez viajar até ao mundo dos sonhos. No percurso de descida atravessámos uma vez mais a ponte de Marienbrücke e voltámos a encarar o castelo e a contemplá-lo demoradamente . . . e ali permanecemos até nos sentirmos saciados, e só então, prontos para a derradeira despedida.

Carlos Prestes
Novembro de 2007

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