No contacto com as famílias nómadas junto às dunas majestosas do deserto marroquino de Erg Chebbi, fomos convidados a entrar numa das suas tendas onde nos ofereceram chá e frutos secos em troca de nada, só pela hospitalidade e simpatia.
Foi um chá diferente do habitual chá marroquino, saboroso como costuma ser o chá de menta, mas este com um significado muito especial, por nos ter sido oferecido por quem nada tem e, ainda assim, quis que nos sentíssemos bem-vindos.
E enquanto tomávamos o chá nem imaginávamos como é que conseguiriam garantir reservas de água para toda a família num local tão ermo como aquele, sem quaisquer vestígios de ribeiros ou nascentes. E só mais tarde soubemos algo surpreendente, é que o deserto de dunas contém água no seu subsolo a poucos metros de profundidade. E é a partir de poços feitos nessa zona de extensos areais que as famílias nómadas se abastecem.
E foi então que percebemos qual era o meio de transporte usado para o abastecimento de água e, sobretudo, qual era o sistema de armazenamento... confesso que foi um pouco assustador, pensar que a água do nosso chá tinha vindo daqueles garrafões... felizmente a água é bem fervida e, com sorte, terá matado toda bicheza.
Depois de algum tempo junto àquela família de nómadas, saímos do acampamento com uma sensação estranha, como se a vida daquelas pessoas nos tivesse sido revelada como um ensinamento, uma lembrança que não iríamos esquecer e que nos deveria servir de referência para alguns momentos e decisões importantes das nossas vidas.
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