Milão é a maior cidade da Lombardia e de todo o Norte de Itália, e constitui uma zona industrial que é um dos motores da economia italiana com pontos fortes no comércio, indústria e finanças. Destaca-se, por exemplo, por ser a cidade da Bolsa de Valores italiana e a sede dos maiores bancos e maiores empresas nacionais. Mas a cidade é também conhecida por ser uma das capitais mundiais da moda e do design, com importantes eventos e feiras internacionais, e é também uma das cidades onde o futebol se vive de forma mais intensa, com dois clubes locais no topo da Europa do futebol, o AC Milan e FC Internazionale, com as rivalidades habituais entre clubes da mesma cidade.
Mas para além de tudo isto, se quisermos identificar um símbolo maior da cidade, quase como uma marca da sua imagem para o exterior, eu escolheria a magnífica Piazza Duomo, com a sua catedral majestosa, Il Duomo di Milano.
A piazza concentra uma oferta tão distinta que nos deslumbra, sem sabermos por onde começar. Ficámos desta vez na própria praça, junto à Estátua Equestre a Vittorio Emanuele II, observando o palpitar daquele espaço com o seu movimento de turistas e habitantes, e à nossa volta somos rodeados por uma galeria de edifícios históricos que quase nos esmaga de tanta grandeza.
E num dos lados ergue-se o próprio Duomo, a catedral da cidade, um dos edifícios mais célebres e complexos em estilo gótico de toda a Europa, e também um dos maiores, com 157m de comprimento e 109m de largura, só superado em todo o mundo, pela Catedral de Sevilha e pela Basílica de São Pedro no Vaticano.
A sua construção começou em 1386 por iniciativa do arcebispo Antonio da Saluzzo, num estilo gótico de influência francesa, e foi executada de trás para a frente, começando por integrar a Basílica de Santa Maria Maggiore, que foi sendo demolida por partes e que funcionou durante séculos como fachada provisória do Duomo. Nessa época medieval, o estaleiro de construção da catedral era um dos maiores da Europa, trazendo a Milão centenas de escultores, engenheiros, arquitetos e artesãos de todo o continente europeu.
Os alçados são dominados por 135 agulhas de mármore, cada uma com uma estátua no seu pináculo, como um autêntico museu de esculturas a céu aberto. E foi com a conclusão da agulha mais alta, em meados do século XVIII, que a catedral foi concluída, quando finalizaram a parte superior da cúpula, onde foi colocada a estátua da Madoninna, a Nossa Senhora, a quem foi dedicada a nova catedral da cidade. A estátua Madonnina, feita de bronze e folheada a ouro, surge brilhante sobre a piazza do alto da agulha maior do Duomo, que durante alguns séculos era mesmo o ponto mais alto da cidade.

No seu interior, perto dos portões da entrada, é visível no chão uma Meridiana, constituída por um friso de cobre que divide a catedral entre as naves direita e esquerda, decorada com os signos do zodíaco. É a Meridiana do Duomo, um calendário e relógio solar, colocada na catedral no final do século XVIII quando foi instituída uma reforma das horas que impunha a necessidade de se calcular com precisão o meio-dia solar. Assim, diariamente, ao meio-dia, um raio de luz entra por um furo minúsculo colocado no teto da nave direita e bate na meridiana marcando a hora e o período do mês. No entanto, são poucos os turistas que entram no Duomo de Milão e, ao atravessar a porta, reparam naquele longo friso dourado no pavimento, decorado com os signos do zodíaco.
Uma outra curiosidade resulta de uma lenda que refere a existência na catedral de um dos três pregos sagrados da cruz de Jesus Cristo, doado à cidade pela imperatriz Helena, mãe do imperador Constantino, no século IV, na época em que era imperador de Roma e a capital era Milão. O prego fica no relicário da catedral, onde uma luz vermelha o identifica. Todos os anos, no segundo sábado de setembro, o Cardeal Arcebispo de Milão sobe no interior de uma estrutura que parece uma nuvem, retira o prego e deixa-o depois exposto por dois dias para a admiração dos fiéis.
No entanto, e para que conste, apesar de terem existido (alegadamente) apenas três pregos sagrados da cruz de Cristo, existem pelo mundo fora mais de vinte igrejas que reclamam ter lá um deles, e que será certamente genuíno... ou, neste caso, jesuíno!
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