Vindos do Lago de Garda pelos vales que se vão formando e ganhando envergadura, à medida que nos aproximamos da cordilheira dos Alpes, chegámos ao nosso destino para os próximos três dias, o Vale Gardena na região dos Dolomiti, onde íamos aproveitar as belas pistas de ski que descem as montanhas desta zona dos Alpes italianos.
Os Dolomiti são um conjunto de montanhas da cordilheira dos Alpes Calcários do Sul, localizados no nordeste de Itália na região do antigo Tirol, que outrora foi um estado autónomo e que, após a Segunda Guerra Mundial, foi dividido pelos territórios do Tirol austríaco e da região do Trentino-Alto Ádige, em Itália.
A história de anos de ligação entre esta zona de Itália e a Áustria faz com que a língua que mais escutamos seja o alemão, o que nos deixa realmente surpreendidos. É que, apesar de terem sido mantidas as duas línguas oficiais desde a separação do Tirol, nada faria supor que, dentro de Itália, quando os italianos têm um dos mais belos idiomas que pode ser escutado em todo o mundo, tivessem optado por usar, nas ruas e entre amigos e familiares, a esquisitíssima língua alemã… mas é assim mesmo, há gente para tudo.
A beleza deste santuário de montanhas e lagos é deslumbrante e a UNESCO declarou mesmo o complexo dos Dolomiti como Património Mundial. Isto aconteceu em 2009, apenas alguns anos antes da nossa visita ao local em abril de 2012.
Atualmente toda a zona dos Dolomiti constitui um dos principais polos turísticos do Norte de Itália, atraindo os amantes de todo o tipo de desportos de montanha, não só do ski, que é o prato forte durante os meses de Inverno, mas também das várias atividades que se podem praticar durante todo o ano, desde as caminhadas mais suaves à escalada de alta dificuldade.
Existem vários centros turísticos nesta zona montanhosa que se localizam na envolvente do complexo de montanhas rochosas designado por Grupo Sella, de onde emerge o ponto mais alto, o Piz Boe, com 3152m.
Mas onde quer que estejamos na envolvente deste complexo montanhoso, estaremos certamente rodeados por paisagens transcendentais, que nos inspiram e nos tiram o fôlego.
Relativamente ao ski que pode ser feito nesta zona, encontramos um conjunto variado de estâncias, com algumas pistas que permitem a entrada na famosa Sella Ronda, uma rota de ski circular que contorna a cadeia de montanhas dos Dolomitis designada por Grupo Sella. O percurso completo atravessa os vales de Gardena, Badia, Fassa e Livinallongo, contornando todo o maciço rochoso do Grupo Sella, assegurando meios mecânicos e pistas devidamente preparadas para que seja possível fazer este circuito em ambos os sentidos.
Para termos acesso à alternativa de explorar toda esta zona de ski devemos adquirir o passe Dolomiti Superski, bem mais caro que os passes para as estâncias de cada um dos vales. A viagem completa da Sella Ronda demora pelo menos umas 6h, o que obriga a uma planificação cuidada e a um grande rigor nos horários de cada percurso, criando um certo stress. Na verdade, é necessário garantir que se atingem as últimas telecadeiras ou telecabines antes das 16h45m, sabendo que as pistas são fechadas às 17h e, caso não se consiga regressar esquiando, teremos que ficar num dos vales atravessados e regressar ao hotel, sem honra e sem glória, e totalmente desolados, de autocarro ou de táxi.

O aprés-ski é sempre algo que muito apreciamos nestes locais de montanha. Depois de um dia de ski com grande cansaço físico e de emoções fortes, sempre com a adrenalina a mil, o entardecer prepara-nos para uma forma diferente de aproveitarmos o ambiente que a neve e o ski proporcionam.
Assim, aproveitámos naturalmente o final dos dias que aqui passámos apreciando as alternativas que esta zona oferece, com ruas e espaços públicos onde o ambiente das estâncias de ski sobressai, com lojas típicas e, sobretudo, com ótimos restaurantes, onde podemos apreciar os paladares italianos combinados com uma influência tirolesa bem marcada… de qualquer forma, a nossa opção foi sempre privilegiar os pratos italianos em vez das comidas mais apreciadas do lado austríaco do Tirol, como o bizarro eisbein com chucrute.
Carlos Prestes
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