Depois de nos livrarmos do carro num qualquer estacionamento em La Spezia ou em Monterrosso, e acreditem que isso constitui o principal desafio para quem visita esta zona da Ligúria, entramos num dos comboios que percorrem a linha marginal e estamos preparados para conhecer as belíssimas Cinque Terre.
Quatro destas cinco aldeias ficarão a escassos 5 min de comboio entre cada uma delas, depois é só escolher por que ordem queremos fazer a visita. Neste caso começámos de Sul para Norte, ou seja, a primeira paragem foi em Riomaggiori.
É uma das aldeias mais bonitas, com as suas casas pintadas nas cores típicas da região, quase amontoadas entre si e dispostas sobre as encostas de um vale ingreme que se encaminha para o mar, que aqui é de um azul forte e brilhante.
Para além de ser uma atração turística muito procurada, a aldeia é também conhecida pelo vinho que é produzido nas vinhas que se dispõem ao longo das encostas. São visíveis em alguns locais destas aldeias, pósteres ou fotos que mostram a vinha plantada em socalcos talhados nas ravinas, bem como o processo da vindima, feito de forma totalmente artesanal, com recurso a uma espécie de funiculares improvisados para transportar os cestos das uvas. O vinho é um branco seco, não é soberbo, mas é muito razoável.
Apesar desta e das restantes aldeias serem atravessadas por uma linha de comboio, a maior parte dos trechos dessa linha são em túnel e quase não interferem na paisagem, como aqui, em que o comboio só sai do túnel mesmo na estação, que fica sobre um viaduto com vãos em arco. Como a aldeia se desenvolve sobre as encostas de um vale muito íngreme todas as ruas vão convergindo para a rua central, a Via Colombo, que passa sob a estação e desce até ao mar, numa pequena praia de calhau preto com uma rampa para apoio na entrada e saída das embarcações de pesca... numa zona onde o emaranhado de casas coloridas quase se encavalitam para aparecer na fotografia.
Riomaggiori é um daqueles locais onde nos faz apetecer ficar parados, apenas a contemplar a paisagem, e existem vários pontos onde conseguimos uma vista privilegiada para essa reflexão… e estamos perante o mar imenso, de um azul brilhante a beijar a aldeia numa pequena enseada, formando um conjunto que é quase comovente... ou temos a própria aldeia, que é só uma terrinha de pescadores, e chega a fazer-nos lembrar alguns filmes italianos, como o “Il Postino” (O carteiro de Pablo Neruda), que não foi ali rodado, mas o ambiente de aldeia piscatória está lá e é bem evidente.
Que encantador é este lugar que quase nos causa arrepios, tal é a beleza que nos rodeia e que nos chega a parecer quase irreal.
Carlos Prestes
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