Na nossa visita à cidade de Padova encontrámos uma praça algo incomum e que nos chamou a atenção, sendo que em Itália a maioria das piazzas têm tendência para ser muito semelhantes em todas as cidades, esta é bem diferente e digna de registo.
Chama-se Prato della Valle, é formada por uma área relvada com pequenas árvores e tem uma forma elíptica com 230m de comprimento. É contornada por um canal artificial em todo o seu perímetro, deixando no interior uma ilha, a chamada Isola Memmia. A praça é atravessada por dois caminhos retos formando entre si uma cruz perfeita, cada um deles com duas pontes sobre o canal.
Para além desta geometria quase perfeita, a praça salienta-se pela beleza do seu canal que é adornado por estátuas de mármore nas duas margens em toda a sua extensão. Existem atualmente 78 estátuas ao longo do canal, construídas por vários artistas entre 1775 e 1883, todas elas em mármore de Vicenza.
Além de ser um espaço monumental muito peculiar e interessante a praça é também apropriada para atividades de lazer e é frequentada por turistas e pelos habitantes da cidade, que a apelidam apenas por Il Prato. Sobretudo durante o Verão a praça fica cheia de visitantes que caminham, patinam ou se bronzeiam.
Na envolvente da praça encontramos uma das principais igrejas da cidade, a Basílica da Abbazia Santa Giustina, que surge perfeitamente enquadrada na paisagem juntamente com o canal e as suas estátuas.
A Abbazia de Santa Giustina pertence a uma comunidade de monges beneditinos e é uma das maiores igrejas católicas de Itália, com um comprimento de 118,5m e 82m de largura. O primeiro templo foi construído naquele local em torno do século V em memória à mártir Giustina (uma personagem virgem e imaculada, com uma história de fazer chorar as pedras da calçada). Ao longo do tempo a igreja foi sofrendo diversos danos, como o terremoto de 1117 e, em 1502, foi mesmo demolida para dar lugar ao atual edifício.
A fachada frontal, que deveria ter sido revestida a mármore, provavelmente branco, nunca foi completada, tendo sido apenas coberta com cerâmico avermelhado e áspero, sem a nobreza que a Basílica merecia. Mas, para compensar, na fachada oposta foram evoluindo alguns detalhes arquitetónicos preciosos, como a torre do sino ou as oito cúpulas em mármore, que dão ao edifício a aparência de um templo bizantino.
Carlos Prestes
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